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quinta-feira, 17 de março de 2011

Resumo - O som da cibercultura

LÉVY, Pierre. O som da cibercultura. In: ___. Cibercultura. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 1999. Cap. 8, p. 135 – 143.

RESUMO

Pierre Lévy, titular da cadeira de pesquisa em inteligência coletiva na Universidade de Ottawa, Canadá, e doutor em Sociologia e Ciência da Comunicação, em seu livro intitulado no Brasil como “Cibercultura”, introduz a obra se “auto caracterizando” como otimista, talvez por defender a cultura cibernética.  Dividido em três partes, Cibercultura define, propõe e expõe o tema e os seus problemas a respeito da nova cultura globalizada. Na “Segunda parte: proposições”, mais especificamente, no capítulo VIII, em “O som da cibercultura”, Lévy explora a dimensão artística sob o ângulo da prática da criação e da apreciação. Fraciona os estágios tradicionais da produção musical, onde os artistas fabricavam e os espectadores apreciavam, para ilustrar a nova forma de se fazer música. Esclarece o termo “música tecno” como trabalho resultante de arranjos e amostragens já existentes. A música, já globalizada, agora generaliza as funções, tornando os espectadores peças importantes na produção e co-produção - não só pelo feedback, mas pelo fácil sistema de composição. Cita a música pop como hino universal, porém, defende a imortalidade da música regional explicando que a música pop nada mais é do que um aglomerado de todas as regionalidades do planeta. A ideia de apreciação da arte é exposta de uma forma diferente, já que os artistas são os que ouvem e vice-versa. E a criatividade musical é feita acima de um banco de dados de músicas, ou trechos destas, já existentes. A música tecno, enfim, esclarece a lei da cibercultura: quanto mais universal for, menos totalizável é.

Fichamento: Dilúvios

LÉVY, Pierre. Díluvios. In: ___. Cibercultura. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 1999. Introdução, p. 11 – 18.


“Pensar a cibercultura: esta é a proposta deste livro.” (p. 11)

“Em geral me consideram um otimista. Estão certos. Meu otimismo, contudo, não promete que a Internet resolverá, em um passe de mágica, todos os problemas culturais e sociais do planeta.” (p. 11)

Logo nos primeiros parágrafos, Lévy deixa bem claro duas coisas: a primeira, é que ele não pretende tornar os seus estudos algo ditador a respeito da cibercultura, a segunda – e quase que uma complementação da primeira – é que ele, por mais otimista que seja, sabe que, assim como qualquer outra telecomunicação, a internet não é a solução para os problemas do planeta.


“(...) os jornais e a televisão já decidiram: o ciberespaço já entrou na era comercial (...). Tornou-se uma questão de dinheiro envolvendo os pesos pesados. O tempo dos ativistas e dos utopistas já terminou.” (p. 12)


“O fato de que o cinema ou a música também sejam indústria e parte de um comércio não nos impede de apreciá-los, nem de falar deles numa perspectiva cultural ou estética. (...) Ainda que um quarto da humanidade tenha acesso ao telefone, isso não constitui um argumento “contra” ele. Por isso, não vejo porque a exploração econômica da Internet ou o fato de que atualmente nem todos tem acesso a ela constituiriam, por sim mesmos, uma condenação da cibercultura ou nos impediriam de pensá-la de qualquer forma que não a crítica.” (p. 12)

E então os meios ditam. Logo, é verdade. Chega a hora que o autor se rende: o mundo é mesmo capitalista (ou liberalista, para quem prefere se prender à origem ideológica de Adam Smith e Voltaire) e, como se não fosse novidade, o ciberespaço virou mais uma ferramenta do liberado mundo capitalista. Quando ele se refere a “não a crítica”, ele interpreta “crítica” como um modo depreciativo de argumentar sobre o assunto. Há uma conotação da palavra, porém fácil entendida.

“As telecomunicações são de fato responsáveis por entender de uma ponta à outra do mundo as possibilidades de contato amigável, de transações contratuais, de transmissões de saber, de trocas de conhecimentos, de descobertas pacíficas de diferenças.” (p. 14)

“Uma das principais hipóteses deste livro é a de que a cibercultura expressa o surgimento de um novo universal, diferente das formas culturais que vieram antes dele no sentido de que ele se constrói sobre a indeterminação de um sentido global qualquer.” (p. 15)

“O ‘ciberespaço’ (...) surge da intercomunicação mundial dos computadores. Quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.” (p. 17)

Um novo universal explorado e acumulativo de trocas. Trocas. Observe que a palavra “trocas” remete a ideia de “já que estou te passando isso, nada mais justo que você me pagar por isso, de alguma forma”. Lévy fala de cultura, mas não consegue descartar as finanças. Também, a cultura planetária está voltada para a “lei da oferta e da procura”!

A definição do neologismo é quase desnecessária, mas, simplificando: ciber, relativo a internet e informática, cultura, conjunto de estruturas sociais, religiosas, sabedorias etc.

“Apresento, portanto, de forma acessível aos não-especialistas, conceitos como a digitalização da informação, os hipertextos e hipermídias, as simulações em computadores, as realidades virtuais, as grandes funções das redes interativas e particularmente as da Internet.” (p. 18)

E assim como um dicionário específico da cultura pós-moderna, Pierre Lévy informa, com uma linguagem agradável, para todos os inclusos da cibercultura – visto que todos que saibam ler estejam presente na cultura cibernética.

terça-feira, 15 de março de 2011

Aquela regra ortográfica



Começando por esclarecer, “regra” é uma ordem que, salvo às exceções, tem o objetivo de unificar e tornar as coisas organizadas. “Ortográfica”, que vem de ortografia, palavra derivada do grego, ORTO “correto” estrutura, base que sustenta (como ortopedia e ortodontista) e GRAFIA “escrita”, o passar para o papel, tornar legível por códigos particulares; como psicografia, telegrafia, tipografia e tantas outras grafias que nem sempre se leva ao gráfico. Portanto, a regra ortográfica nada mais é que uma ordem da estrutura das palavras escritas. Isso conclui que a pronúncia continua a mesma.

A Língua Portuguesa já passou por cinco renovações ortográficas, a primeira em 1911 e a última, até agora, em 1990. A IDEIA é fazer uma unificação dos nove países que possuem a língua como oficial e, aos poucos, acabar com as diferenças ortográficas de cada um deles.

Até aí tudo bem, as coisas continuam belas e as palavras certamente ganharam uma forma mais simples na escrita – até porque ninguém mudaria para algo pior. A nova geração de estudantes primários terá, e já está tendo, uma facilidade na aprendizagem em ler e escrever - até porque tenho certeza que ninguém se simpatiza com aqueles montantes de acentos, tremas, hífens (ou hífenes, como preferem alguns) e aquele tanto de exceções às regras que já confundia por si só.

Há quem diga que isso foi muito bom, que já pegou a lógica da coisa e que é filho de Heros – ou qualquer outro deus de origem mitológica romana, grega ou egípcia, e que, no mínimo, é um chato! Se há uma coisa que temos que concordar é que essa nova regra deu uma desestruturada na cabeça de muita gente que já não sabe onde se sentar porque, afinal de contas, tiraram ou não o acento de ônibus?!

E assim, como ter que aprender que azul agora é COR DE ROSA, todo mundo fica regulando a mão ou os dedos – se for uma digitação, para não por o acento em IDEIA, para não colocar o trema em LINGUIÇA e saber diferenciar a FORMA da FORMA – entendeu?

No mundo acadêmico a exigência é muito maior, pois quem cursa um ensino superior faz parte da elite de uma sociedade com uma vivência cruel em níveis de ensino. É como na era vitoriana, quando a alta sociedade era submetida a tantas torturas de vestimentas: homens usando perucas e saltos altos e mulheres usando espartilhos e vestidos que pesavam até três vezes mais que a moçoila.

Mas não se desespere. Não há razão para arrancar os cabelos. Há disponibilidade de arquivos em PDF na web de guias práticos da nova ortografia, como, por exemplo, o Michaelis, e ainda softwares para baixar grátis, atualizando o seu programa de edição de textos. Assim, caberá à escolha individual entre, reaprender ou deixar por conta das máquinas.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O velho e o moço

Deixo tudo assim
Não me importo em ver a idade em mim,
Ouço o que convém
Eu gosto é do gasto.

Sei do incômodo e ela tem razão
Quando vem dizer, que eu preciso sim
De todo o cuidado

E se eu fosse o primeiro a voltar
Pra mudar o que eu fiz,
Quem então agora eu seria?

Ahh, tanto faz
Que o que não foi não é
Eu sei que ainda vou voltar...
Mas eu quem será?

Deixo tudo assim,
Não me acanho em ver
Vaidade em mim
Eu digo o que condiz.
Eu gosto é do estrago.

Sei do escândalo
E eles têm razão
Quando vêm dizer
Que eu não sei medir
Nem tempo e nem medo

E se eu for
O primeiro a prever
E poder desistir
Do que for dar errado?

Ahhh
Ora, se não sou eu
Quem mais vai decidir
O que é bom pra mim?
Dispenso a previsão!

Ah, se o que eu sou
É também o que eu escolhi ser
Aceito a condição

Vou levando assim
Que o acaso é amigo
Do meu coração
Quando fala comigo,
Quando eu sei ouvir...



*O velho e moço - Rodrigo Amarante
*Fotos Cartier Bresson

segunda-feira, 7 de março de 2011