Vá. Não se preocupe, ficarei bem. E prometo a você permanecer sempre no mesmo lugar. Para onde vou é seguro. Calmo. E se caso, algum dia, você sentir a minha falta, vou logo deixando o endereço.

Estarei lá por entre as flores e o choro de uma vela que se apaga pelo vento que sussurra uma chuva. E ao ouvir o coveiro gritar: “É tempo de colheita!”, saberei que logo chega para buscar as flores do meu jardim; do meu jardim morto. Em tempos, ao ouvir soar o sino da Igreja, ele logo sabe, e começa a mexer na terra para plantar. E assim continua o ciclo: aqueles que mandavam flores, agora passam a também receber.
Criei um reinado, alcancei o conhecimento e falhei, simplesmente, em achar que poderia ser Deus. Remanescente, embora ainda não convidado. Talvez numa tarde de terça-feira ou numa madrugada de sábado, apenas ouvir o sussurro, alguém enfim lhe chama, e assim, será o que ainda resta para perfumar.
De tudo, sentirei falta do inverno e seu mundo de coisas frágeis. E para você, que por fim não me quis, deixo esse recado que por tão singelo acabará por não ser lido. E se caso ler essas linhas, lembre-se não da mão que as escreveu, e sim do que foi escrito. O choro sem lágrimas de um poeta que por fim beijou a flor.
Porque tudo que é belo morre. E tudo que é morto tem a sua beleza. E não importa a cor, todos vão para o mesmo lugar e terá o mesmo tom que rodeia por entre os pastéis. Pois quando se morre volta a ser pó e germina na flor e amanhece no dia.
*fotos e texto de um ensaio fotográfico com finalidades acadêmicas
*fotos e texto de um ensaio fotográfico com finalidades acadêmicas
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